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Notícia -

É preciso avançar na mudança de mentalidade, diz ministro do Turismo, Vinicius Lummertz

Empossado na terça-feira no cargo de ministro do Turismo pelo presidente Michel Temer (PMDB), o político, executivo e empresário Vinicius Lummertz, 57 anos, que antes estava à frente da Embratur, logo começou a articular medidas para liberar mais crédito ao setor via BNDES e outros caminhos. O 12º ministro catarinense foi colocado no lugar certo: é apaixonado pelo setor, do qual já foi empresário e exerceu cargos de liderança, como diretor do Sebrae estadual e nacional, secretário de Desenvolvimento de Santa Catarina e secretário Nacional de Políticas de Turismo. Graduado em Ciências Políticas pela Universidade Americana de Paris com cursos de gestão em Harvard e no IMD (Suíça), é fluente em espanhol, inglês e francês, e faz questão de buscar uma abertura internacional ao setor. Nesta entrevista, o ministro catarinense diz que a meta da pasta é elevar o número de turistas estrangeiros de 6,6 milhões para 12 milhões até 2022.

 

O senhor está assumindo o Ministério do Turismo por um período curto, cerca de oito meses. O que vai priorizar?

Participei pela primeira vez da reunião ministerial hoje (quinta-feira) e ouvi o relato do presidente Temer sobre o que foi feito nos últimos 18 meses de governo. Foram muitas mudanças em pouco tempo. E o tempo que temos aqui, considerando as mudanças que já vêm ocorrendo, que desenvolvemos junto com o meu antecessor estando na Embratur, são de velocidade de cruzeiro para nós. Conseguimos muitos avanços em pouco tempo e estamos projetando outros mais. No ano passado, conseguimos os vistos eletrônicos que dão um incremento muito grande de visitantes norte-americanos, canadenses, japoneses e australianos. Nos dois primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, aumentou em 48,2% o número de solicitação de vistos desses países ao Brasil. Adotamos a política de céus abertos, retirando a restrição de voos entre os Estados Unidos e o Brasil, promovemos a desregulamentação de voos charter, o que vai aumentar muito esses voos inclusive em Santa Catarina, e temos no Congresso o projeto que transforma a Embratur numa importante agência independente e forte na promoção do turismo internacional podendo fazer parceria com os Estados. Também avançamos no projeto para a abertura de capital de empresas brasileiras de transporte aéreo para investidores estrangeiros, que vai aprovar, se não em 100% de participação, mas em 60% ou 49%. Temos também a Lei Geral de Turismo, que tem 118 itens de mudança, melhorando o ambiente de negócios. Já existem coisas que mudaram em ritmo acelerado e temos novas em andamento. 

 

Quais coisas novas?

Eu já estive com o presidente do Sebrae nacional, Guilherme Afif Domingos, e o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, e estamos fazendo uma triangulação para um grande programa de desenvolvimento do turismo nos próximos cinco anos, com a participação do Sebrae, de

R$ 100 milhões por ano na estruturação e ajuda na comercialização de destinos. Vamos colocar R$ 400 milhões do Fundo Geral do Turismo (Fungetur), que hoje é uma linha de crédito do Ministério, para atender somente investimentos de micro e pequenas empresas. Também conversei com o presidente do BNDES para a expansão do Prodetur + Turismo para todo o Brasil, para que seja repassado a todas as agências de fomento de investimentos. Esses recursos somam R$ 5 bilhões. Esperamos que o primeiro projeto dessa linha seja o que vai ampliar a faixa de areia de Balneário Camboriú. Mas o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, esteve aqui hoje (quinta-feira) e estamos estudando incluir a ampliação da faixa de areia de Canasvieiras também dentro desse projeto. Acabei de empenhar R$ 3 milhões para rodovia de acesso de Balneário Barra do Sul, ligando até a BR-101, que vai desenvolver toda essa costa que hoje é um vazio. Esse foi um pleito do deputado Mauro Mariani para essa obra que já recebeu R$ 10 milhões. 

 

Balneário Camboriú aguarda um recurso do ministério para finalizar o centro de eventos. Como está a negociação?

Estamos tratando sobre isso, buscando alternativas internas dentro do contexto orçamentário e financeiro. Mas este é um projeto que o Ministério se comprometeu a investir R$ 55 milhões e faltam R$ 16 milhões. Tendo um ministro catarinense, é uma questão que vai ser bem resolvida e rapidamente. 

 

Qual é a origem dos recursos para investimentos no caso do Sebrae e dos demais?

No caso do Sebrae, estaremos trabalhando com a instituição em cada Estado, fazendo projetos para fazer acontecer, liberar crédito, principalmente do BNDES. Vamos considerar uma região como São Joaquim, da Serra catarinense. É preciso fazer projetos específicos para que os recursos sejam liberados, tanto para a parte privada quanto pública. O Prodetur + Turismo, se não houver projeto com o Sebrae e um trabalho junto às agências de financiamento como o Badesc e o BRDE, fica mais difícil para a liberação de recursos. É a primeira vez que estamos desenvolvendo uma linha casada. No caso do Fungetur, vamos modificá-lo para fazer aportes de valores menores para micro e pequenas empresas, especialmente para esse programa com o Sebrae. Os recursos poderão ser usados para investimentos e promoção, criação de sites, divulgação virtual. É uma integração de crédito, com assessoria e consultoria. Acreditamos que poderemos trabalhar mais fortemente com concessões e parcerias público-privadas (PPPs). Como o Brasil poupa pouco, se quisermos crescer mais rápido temos que buscar investimentos privados e internacionais. O PIB do turismo do Brasil é muito grande, cerca de US$ 520 bilhões, e oferecemos cerca de 7 milhões de empregos. No mundo, o setor responde por 10% dos empregos e cresceu 7% ano passado. No Brasil, ano passado, cresceu 4%, mais do que o PIB. Santa Catarina, na última temporada, teve a entrada de R$ 10 bilhões, segundo projeção da FGV. 

 

O Brasil tem o maior potencial do mundo para o ecoturismo. O que impede a exploração maior disso?

Nós temos o 11º PIB turístico e a quarta maior aviação aérea do planeta. O que impede o turismo brasileiro de se transformar numa nova indústria? No caso do agrobusiness, somos uma potência, principalmente em função do tamanho do Brasil, quantidade de sol, terra e água. Hoje, o país vive do agrobusiness porque se criou um ambiente de negócios positivo, com pesquisas da Embrapa, oferta de crédito e internacionalização da cadeia produtiva. Compramos insumos internacionais e participamos das bolsas de mercadorias e futuro. Temos que fazer tudo isso no turismo. 

 

O que atrapalha?

Se você olha os Estados Unidos, eles têm 19% das áreas protegidas. Nós temos 65%. Eles têm 300 milhões de visitantes em parques ecológicos, nós temos 9 milhões. Crescemos 20% nos últimos anos. SC tem 18 parques naturais, mas praticamente não tem turismo da natureza. Florianópolis tem a melhor situação de reserva natural do centro de território que pode ser utilizada. Isso foi objeto da minha conversa com o prefeito Gean Loreiro, de que Florianópolis e SC podem ter mais turismo da natureza. Em São Francisco do Sul, temos um parque de frente para o mar de 20 quilômetros, o Acareí, mas não tem visitantes. São potenciais que precisam ser explorados. Temos as cidades históricas, os parques temáticos. Para os parques, tiramos os impostos de importação de equipamentos por oito meses. O ideal seria que isso fosse definitivo. É preciso liberar o setor de turismo para trabalhar. 

 

O que falta para atrair mais turistas do exterior?

Temos que aprovar toda essa agenda que estamos desenvolvendo. Falta competitividade, condições para rentabilizar investimentos. O principal elemento hoje, no Brasil, é a insegurança jurídica. Outro é o custo do dinheiro. Agora as taxas de juros estão mais baixas. A decisão é política, depende de quem é eleito. Entre as mudanças, eu também sou favorável à abertura limitada de cassinos. Abrir em resorts especializados é seguro. O Brasil já tem jogo. Portugal, por exemplo, tem seus cassinos e está tudo tranquilo. O PIB português cresceu 4% no ano passado, mas se não tivesse o turismo, teria recuado -1%. No Brasil, há enfrentamento ideológico, preconceito, típico de país atrasado. É preciso avançar na mudança de mentalidade. SC tem um presente brilhante no turismo, mas vai ter um futuro muito mais brilhante. O turismo representa 12,5% do PIB do Estado e movimentou R$ 10 bilhões na temporada. Temos que colocar o turismo no centro da estratégia do país e de SC.  

 

Fonte: DCI

Autor: 1
Data: 14/04/2018