Uma paineira classificada como tricentenária se tornou estrela na internet graças as fotografias postadas por admiradores. A cada dia atrai mais a atenção de quem visita Serra Negra e já faz frente aos principais cartões-postais da estância. Recentemente serviu de cenário na gravação de comercial de um modelo de veículo esportivo.
A árvore ainda não tem idade comprovada cientificamente, o que provoca ainda mais curiosidade e uma corrida entre os especialistas. Mas com certeza trata-se de uma testemunha da história.
A paineira fica em área particular pertencente à família do Hotel Fazenda Big Valley, no Bairro das Posses, e fazer uma visita não é exclusividade dos hóspedes.
"Pelo contrário, inclusive, melhoramos o acesso para que as pessoas possam vê-la com tranquilidade e segurança. Só pedimos que não a danifiquem. Colocamos uma placa para não jogarem lixo no entorno e para não cortarem os galhos. A árvore nasceu ali e todos merecem usufruir de sua beleza", diz o gerente de marketing do hotel, Murilo Perondini.
A aviso ainda deixa claro que não é permitido fazer eventos, como piqueniques. Visitas noturnas também são proibidas. "Faça deste local um ambiente agradável para que todos possam conhecer o que está há séculos preservado. Não tire nada além de fotos, não deixe nada além de pegadas, não leve nada além de saudades", está descrito na placa.
Segundo Perondini, a paineira começou a ganhar um número maior de visitantes anônimos a partir do momento em que a Estrada Municipal Antônio Perli recebeu reparos. A árvore ficou mais exposta. Ciclistas a "descobriram" e passaram a fotografá-la, assim como já faziam os hospedes do hotel. A curiosidade, então, "explodiu". "É um lugar incrível e muito bem cuidado. Tem uma vista linda e traz muita paz para quem visita. Vale muito a pena conhecer", define o profissional de marketing Bruno Bueno, que fez questão de conhecê-la dias atrás.
Quem arrisca a idade?
Segundo Murilo Perondini, uma bióloga esteve no local e estimou que a paineira já atingiu ou está próxima dos 400 anos pelas suas características. Para se ter uma ideia, a cidade de Serra Negra tem 194. "Trezentos anos a bióloga nos deu certeza. Estamos ansiosos para saber de verdade a idade dela", diz Perondini. Então, o desafio está lançado.
O biólogo Marcelo Tonini explica que um dos métodos eficientes para se conhecer a idade aproximada da paineira é contar seus anéis de crescimento depois de extrair filetes do tronco ou de galhos mais velhos. Para isso é usado o trado de Pressler, equipamento que lembra um saca-rolhas.
"Retira-se um pedaço da árvore da casca até o centro do tronco, que chamamos também de medula, a uma altura de 1,30m do solo. A partir do material coletado, um especialista conta os anéis de crescimento, que indicam a idade da árvore sem precisar derrubá-la" explica.
Tonini diz que o processo não é tão simples, mas não traz danos à arvore. "Troncos não circulares, podem ter a medula descentralizada, que torna o trabalho mais difícil. Isso exige a retirada de vários filetes. Mas os furos são fechados com cera de abelha ou fungicida sem representar riscos à espécie", conta.
O biólogo ainda cita que outra forma para se tentar descobrir a idade de uma árvore é medir a circunferência do tronco com uma fita. "O trabalho é feito aproximadamente a um metro de altura do solo, usando uma fita métrica. Normalmente, a cada 2,5cm de circunferência equivalem a cerca de um ano de idade. Mas o método varia muito, porque depende do clima de cada região", conclui Tonini.
Data: 01/01/2022