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Notícia - Roteiros

Caminho da Fé: relato da experiência e duas amigas
Elas já praticavam corrida, mas precisaram se preparar para dias de caminhada com uma mochila nas costas

Inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, o Caminho da Fé é um trajeto de peregrinação brasileiro, que liga a cidade de Águas da Prata (SP), a Aparecida do Norte. São mais de 300 km separando as duas cidades, em uma rota que mescla serras com estradas vicinais, trilhas, bosques e asfalto.
Inicialmente feito por alguns peregrinos em direção ao Santuário de Aparecida, a rota foi oficializada em 2005 e atrai muitas pessoas que fazem a rota a pé para cumprir promessas, em um ato de fé.
E andar mais de 300 km a pé não é tarefa fácil, para isso é preciso muito preparo físico e também psicológico para se manter firme no objetivo final. A Maria Cristiane Nali e Ana Lúcia Dezem Von Ah, foram uma das pessoas que conseguiram chegar até o final e contaram um pouco das suas experiências.
Há 9 anos Nali treina e participa de corrida de rua e montanha. Ana Lúcia também já praticava corrida de rua, ambas treinam juntas. Só este fator já garantiu uma prévia desse preparo, mas de acordo com elas, correr não é o mesmo que caminhar. "A pisada é diferente, o ritmo é outro e, claro, uma caminhada como essa do Caminho da Fé tem uma carga extra: a mochila. Então além dos treinos de educativos de corrida que já vinha fazendo, a musculação mostrou-se essencial para o fortalecimento dos joelhos, calcanhar e ombros. Um cuidado com a alimentação e os suplementos pós-treinos, certamente fazem toda a diferença", explica Nali.
Para realizar a caminhada, elas começaram a se preparar em agosto de 2021, com planejamento do percurso, fazendo um cálculo prévio da quantidade de kms de caminhada por dia, as reservas nas pousadas credenciadas na Associação do Caminho da Fé, gestora da rota. 
"Nas aulas de corrida fizemos a parte dos educativos, fortalecimento condicionamento e, nos fins de semana, caminhávamos 30 a 35 km. Em outubro, começamos a treinar com a mochila nas costas, uma vez que, nossa proposta era caminhar sem apoio, nós mesmas carregamos o necessário para os dias planejados. Enfim, é preciso SIM se preparar. O caminho não é fácil , exige força física e emocional", explicou Ana.  
A mochila mereceu uma atenção especial, pois de acordo com Cris, ela é uma fiel companheira durante o percurso. "Adotar uma proposta minimalista mostrou-se muito importante. Prepará-la (a mochila) com cuidado, pensando em cada item e sua verdadeira necessidade foi um desafio que superamos ainda ao longo do percurso. Um bom planejamento e a certeza do que é imprescindível (como por exemplo, a água/hidratação, além do bom humor e disposição) e a fé, que garantiu a leveza de um caminho que não é nada fácil, mas é sim, muito possível quando se prepara antecipadamente", destacou.
A caminhada foi realizada em 10 dias, durante o período de 1 e 11 de janeiro de 2022.
De acordo com Nali, a travessia do Caminho da Fé (CF), foi uma oportunidade de uma interação com a natureza, nas suas mais variadas formas. "Um percurso lindo, com agradáveis surpresas, muitas paisagens panorâmicas, apesar da chuva que nos acompanhou nos dez dias de caminhada. Ir de uma cidade a outra, conhecer um pouco da região, encontros com outros peregrinos e suas narrativas, mostrou-se uma experiência singular que levarei para toda vida", relata a psicóloga.
"A natureza é gentil, basta olhar para ela e reconhecer o que ela pode nos oferecer. A generosidade de um vento que nos refrescou, na intensidade do Morro dos Limas, assim como a chuva que se manteve presente em um dos dias mais difíceis, como a descida íngreme de "pedrinhas", colocando à prova nossa paciência e também nossa força, relembrou Cris.
"Sem dúvida, uma experiência única, chegamos diferentes de como partimos, e isso, por si só, já deixou marcas e desejos, inclusive de fazer de novo esse e novos caminhos", afirmou Nali, que teve como motivação sua condição física, emocional e espiritual de vivenciar esta experiência e ser grata pela vida.
Porém, ela assumiu que ao longo do caminho, sua motivação foi ganhando uma identidade, pelo encontro com a natureza e o respeito às condições climáticas; encontro com os peregrinos e suas mais variadas motivações e desejos; pela autopercepção nas diversas situações. "Ficamos mais sensíveis um com o outro e eu consigo mesma. Tudo isso despertou sentimentos e emoções que pude compartilhar com minha grande amiga e parceira nesta jornada, a Ana Lúcia Dezem Von Ah", relatou. 
Para Ana Lúcia, a motivação foi a gratidão por tudo o que ela e seus familiares passaram na pandemia e todos estarem bem. "A presença de Deus é sentida a cada passo. A jornada me presenteou com muita conversa e momentos únicos com a amiga Cris Nali que, com certeza, me empurrou morros acima e me segurou em muitas descidas...e a fé, independente da crença, é ela que nos move", contou ela.

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Autor: A CIDADE ON
Data: 06/03/2022