"Eu fiz várias amigas, pai!" A frase de Valentina, 10 anos, toda alegre, não foi dita quando estávamos indo embora do Hot Beach Suites, mas logo no começo da estadia no hotel na cidade de Olímpia, no interior de São Paulo. Havíamos feito check-in apenas três horas antes. Desde então, já tínhamos experimentado a temperatura de amolecer o corpo na piscina naturalmente aquecida e matado a fome do meio da tarde com uma porção de frango a passarinho, servida em uma mesinha ao lado das espreguiçadeiras.
Foi o tempo que bastou para Valentina vangloriar-se das novas amizades conquistadas e de Antônio, 8 anos, se empolgar com a gincana comandada por instrutores (corrida sobre placas flutuantes, competição de aviõezinhos de papel) para uma plateia afundada até o pescoço na água.
Olímpia, centro de diversão O pequeno município de apenas 55.000 habitantes, a 436 quilômetros rodoviários da capital paulista, é lar de dois dos dez parques aquáticos mais visitados da América Latina: o Thermas dos Laranjais, primeiro no ranking, e o Hot Beach Olímpia, em nono lugar. Ambos abastecem suas atrações com a água extraída do Aquífero Guarani, que sai aquecida por rochas geotérmicas — tão quente (mais de 50 graus centígrados) que precisa ser misturada à de fontes mais próximas da superfície para se obter uma temperatura agradável para o lazer.
A cidade também conta com um parque seco, o Vale dos Dinossauros, com réplicas em tamanho real dos animais pré-históricos, um pequeno museu do folclore e uma antiga estação ferroviária reformada, com uma bela locomotiva. Mas o que de fato atrai anualmente turistas em número 50 vezes maior do que a população da cidade são os parques aquáticos e a impressionante estrutura hoteleira construída para atendê-los. É a segunda maior capacidade de hospedagem do estado, com 34.231 leitos. As administrações dos parques garantem que suas atrações são capazes de agradar pessoas de todas as idades.
Para crianças e teens
Para testar o mantra, viajamos em cinco até Olímpia: além de Valentina e Antônio, também Alice, de 16 anos, e um casal de quarentões para tomar conta da farra molhada. Nos hospedamos em um dos empreendimentos hoteleiros mais novos da cidade, o Hot Beach Suites, dedicado a famílias ou grupos de amigos interessados em passar vários dias na estância turística. Inaugurado em julho deste ano, possui apartamentos com opções de um ou dois quartos e estrutura de casa de veraneio, com cozinha e varanda com churrasqueira. Pode-se reservá-los como hóspede comum, pagando diárias, ou como proprietário de frações imobiliárias, o que dá direito à estadia durante períodos proporcionais durante o ano.
Assim como o vizinho Hot Beach Resort, e outros dois hotéis do mesmo grupo empresarial situados próximos ao Thermas dos Laranjais (o Thermas Park Resort & Spa e o Celebration Resort Olímpia), o Suites garante entrada liberada no parque Hot Beach Olímpia durante todos os dias de estadia.
Comparado ao Thermas dos Laranjais, o Hot Beach Olímpia é bem menor (ocupa o equivalente a um terço da área do concorrente), comporta menos gente (8000 visitantes por dia, contra 20.000 do Thermas) e possui menos atrações (31 versus 55), mas é mais organizado, mais limpo e mais adequado para quem não quer se perder dos filhos pequenos ou pretende relaxar um pouco à beira d'água quando não está se divertindo dentro dela. O Thermas destaca-se pelo grande número de brinquedos radicais, principalmente tobogãs de vários tamanhos e formatos. O Hot Beach tem duas atrações desse tipo, das quais Alice e Antônio, os mais intrépidos, logo se tornaram habitués: o Poty Pipe, uma rampa em U pela qual se despenca em uma boia de duas pessoas, e o Irado, um equipamento alto com quatro escorregadores sinuosos. Um novo toboágua com cinco descidas está previsto para inaugurar no final de 2022.
Para adolescentes que gostam de emoções fortes, portanto, o Thermas é mais atrativo. A Alice viu poucos frequentadores da idade dela no Hot Beach e poucas oportunidades para fazer amizades. Mas gostou dos tobogãs do parque menor e do Ibiza Beach, um espaço com bangalôs, bar e cabine de DJ em que um animador faz coreografias a serem imitadas por uma pequena e empolgada multidão dentro de uma piscina de água quente.
A atração preferida da Valentina — e, para ser sincero, de nós adultos também — foi o Ebaa River, um circuito que simula um riacho pelo qual se desliza tranquilamente sobre uma boia. Se não fossem as duchas de água mais fria estrategicamente distribuídas ao longo do percurso, seria possível até cair no cochilo. O Hot Beach Olímpia tem uma boa variedade de atrações para as crianças menores, com toboáguas e brinquedões que esguicham água por todos os lados. Também em benefício dos pequenos, e dos adultos também, há o sistema de tratamento da água que evita os incômodos conhecidos de piscinas, como o cloro convencional que faz arder os olhos e deixa o cabelo duro e a pele seca.
Segundo a administração do parque, isso é possível porque o cloro é adicionado à água em sua forma gasosa e na quantidade certa, definida por testes contínuos. Há também uma filtragem constante da água, o que garante a qualidade sem causar desperdícios.
O lugar mais disputado do parque é sem dúvida a praia — maior e com areia mais fofa do que a do Thermas dos Laranjais — em frente à piscina com ondas artificiais. Tão disputado que é difícil conseguir uma das mesas com cadeiras para se sentar e apoiar os pertences, mesmo nos dias em que o parque recebe menos da metade do público que é capaz de atender. O jeito é guardar bolsa, toalhas e outros objetos pessoais nos armários pagos (ao custo exagerado de R$ 25) para melhor circular pelo parque e desfrutar das atrações.
Data: 12/12/2021