Atibaia ganhou o título de Capital Nacional do Morango. A cidade, que sempre teve uma parte importante de sua economia voltada para o plantio da fruta, agora passa ter prioridade no acesso a recursos federais na área de infraestrutura para o turismo e também para a promoção cultural. O reconhecimento oficial faz parte de uma trajetória iniciada há cerca de 70 anos que transformou a cidade em referência no plantio da fruta.
A trajetória do morango na cidade
Atibaia foi pioneira na produção de morangos em escala comercial no Estado de São Paulo. O plantio da fruta começou entre as décadas de 1950 e 1960, quando imigrantes japoneses chegaram na região em busca de um local que pudessem se estabelecer e fazer plantações de batatas e morango.
Foi por meio de famílias pioneiras no cultivo como a Kikuti, Urashima, Kagi, Nakasu, Nakano e Inui, que a cultura da produção do morango se estabeleceu na cidade.
Além das famílias japonesas, famílias italianas, como os Tricoli, Maziero e Spinassi, também são responsáveis pela difusão do fruto na região.
De acordo com Oswaldo Maziero, diretor da Associação de Produtores de Morangos de Atibaia, as técnicas de cultivo trazidas pelos japoneses foram sendo adaptadas e a forma de plantar foi sendo modificada.
"Meu pai começou a cultivar morango depois de aprender a plantar com um japonês imigrante", conta.
Produtores
De acordo com a Associação de Produtores de Morangos de Atibaia, atualmente a cidade conta com 180 famílias na atividade, que cultivam a fruta, mantendo o legado entre antigos e novos produtores.
José Roque Doriato, hoje com 53 anos, entrou para o cultivo de morangos aos 23 anos, por influencia de seu sogro, que começou a produzir a fruta em 1977. Atualmente, ele, a esposa e os filhos se dedicam ao cultivo dos morangos, dando seguimento ao que seu sogro começou há 45 anos.
José espera colher em torno de 20 mil morangos na safra de 2022 e embora consigam produzir um número alto de frutas, ele espera que com o título de capital nacional do morango as políticas de venda da fruta tenham mudanças.
“Espero que abram mais espaços pra que os produtores possam vender diretamente para os consumidores e não dependam de terceiros para comercializar ”, disse José Roque.
Beto Polydori ajuda seu pai, José Carlos Polydori, no plantio de morangos desde criança. Em 2006, seu pai e seu irmão criaram um viveiro, onde mudas de morango são cultivadas para que depois sejam transferidas para as plantações.
Além do viveiro, a família de Carlos tem uma plantação da fruta onde começam a colheita em junho e só terminam entre dezembro e janeiro. Com o novo título de Atibaia, Beto espera que os produtores recebam mais atenção e ajuda pública para que não dependam de ajuda externa no plantio dos morangos.
“Eu acho que [o título] vai ajudar bastante no nosso trabalho, mas a gente ainda precisa da ajuda de alguns órgãos porque dependemos quase que 90% de materiais que vêm de fora e precisamos de apoio para mudar isso” , disse.
Capital do Morango
Atualmente os produtores de Atibaia cultivam três espécies de morango: a Camino Real, a Camarosa e a San Andreas. Em 2021, a safra total de morangos da cidade atingiu três milhões de pés da fruta, com a média entre 500 a 800 gramas da fruta colhidas por pé.
Além das produções familiares, a Prefeitura de Atibaia também desenvolve ações para promover a fruta. No programa de revitalização da cultura do morango, 120 mil mudas foram distribuídas aos agricultores.
A cidade também é 12° entre 410 municípios no ranking de municípios agro do Governo do Estado de São Paulo e recebe milhares de turistas todos os anos para a tradicional Festa das Flores e dos Morangos de Atibaia, que acontece no mês de setembro.
De acordo com o projeto aprovado pelo Senado, com o titulo de capital do morango, a cidade pode alcançar maior divulgação, gerando um aumento em sua produção, além de atrair investimentos, que podem gerar mais empregos no setor agroalimentar e no setor comercial.
Data: 16/07/2022